O deputado estadual Júlio César Filho (PT) utilizou suas redes sociais nesta terça-feira (21) para negar qualquer envolvimento no esquema de corrupção investigado na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). A investigação conduzida pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) apura o uso de salários de assessores parlamentares fantasmas para quitar dívidas de um deputado com agiotas. Até o momento, o MPCE não divulgou a identidade do parlamentar suspeito.
Em sua declaração pública, Júlio César afirmou que não foi alvo de operações e reforçou seu compromisso com a transparência. Contudo, o contexto que cerca o caso gera desconfiança, principalmente diante de novas informações que apontam para a reincidência de práticas semelhantes envolvendo servidores públicos no estado.
Investigação aponta esquema sofisticado de desvios
De acordo com as investigações, o esquema funcionava com a contratação de assessores parlamentares indicados por um agiota. Parte dos salários desses assessores era desviada diretamente para pagar dívidas pessoais do deputado. Este tipo de prática, caso confirmada, representa não apenas um desvio ético, mas também uma potencial quebra de decoro parlamentar, que pode culminar na perda do mandato do envolvido, conforme previsto pelo regimento interno da Alece e pelo Código Penal Brasileiro.
Além disso, a operação “Simulatio”, deflagrada na última segunda-feira (20), cumpriu mandados de busca e apreensão em Fortaleza e Maracanaú, apreendendo dispositivos eletrônicos e documentos para análise. Esta fase faz parte de um esforço contínuo do MPCE para combater fraudes similares, que também estão sendo investigadas em outros contextos, como desvios de recursos em municípios cearenses para fins pessoais ou eleitoreiros
O contexto político e as implicações éticas
A revelação desse tipo de esquema não é nova no legislativo cearense. Outros casos envolvendo o uso de cargos públicos para benefício próprio têm sido denunciados, gerando questionamentos sobre a falta de mecanismos mais robustos de fiscalização interna. No caso em questão, a possível associação com agiotas também levanta dúvidas sobre a gestão financeira de parlamentares e o impacto dessas práticas na confiança pública.
Se confirmado o envolvimento de Júlio César ou de outros deputados, o caso poderá culminar em sanções severas, como perda de mandato e processos judiciais por peculato, corrupção ativa e organização criminosa
A sociedade aguarda respostas mais contundentes das autoridades e maior clareza sobre as implicações políticas e jurídicas deste escândalo que, mais uma vez, coloca em xeque a integridade das instituições públicas do Ceará.