Após se reposicionar politicamente ao lado do bolsonarismo e da oposição no Ceará com vistas às eleições de 2026, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) recebeu elogios públicos do deputado federal André Fernandes (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-candidato à Prefeitura de Fortaleza em 2024.
Durante um encontro na Câmara Municipal da capital cearense, Fernandes elogiou Ciro, classificando-o como “inteligente” e “preparado”. O deputado também sugeriu que o ex-ministro poderia disputar o governo do Estado na próxima eleição.
— Não tenho dúvida de que, ao longo da sua trajetória, ele demonstrou ser uma pessoa preparada, inteligente e com coragem para enfrentar o Elmano. Estamos dialogando e tenho certeza de que, com a união de toda a oposição, teremos bons nomes tanto para o Senado quanto para o governo do Estado — declarou Fernandes.
O parlamentar defendeu ainda que a oposição “deixe o ego de lado” e una esforços contra o atual governador Elmano de Freitas (PT), em uma sinalização clara de aproximação com Ciro. O gesto de André Fernandes ocorre apenas uma semana após Ciro declarar apoio à pré-candidatura ao Senado do deputado estadual Alcides Fernandes, pai do parlamentar.
A reaproximação de Ciro com a direita e a oposição local marca uma guinada política que deve culminar na sua saída do PDT, legenda à qual é filiado há quase duas décadas. O primeiro movimento concreto desse reposicionamento será a saída do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, um dos principais aliados de Ciro, que deve se filiar ao União Brasil ainda em junho. O movimento abre caminho para uma debandada de nomes ligados ao grupo ao longo do segundo semestre.
Embora tenha afirmado nos bastidores que estaria disposto a “ir para o sacrifício” e disputar novamente o governo estadual, aliados próximos não encaram essa possibilidade com entusiasmo. Para eles, o nome mais viável do grupo continua sendo Roberto Cláudio, que já foi testado nas urnas e possui maior aceitação entre lideranças de oposição.
No PDT, a saída de Ciro é tratada como questão de tempo. Ele já recebeu convites formais para se filiar ao União Brasil e ao PSDB — este último em processo de fusão com o Podemos. O ex-senador Tasso Jereissati, figura de destaque no PSDB e aliado histórico de Ciro em outras fases da carreira, é um dos principais entusiastas de sua ida para o ninho tucano.
Apesar disso, há entraves regionais à filiação ao futuro partido da fusão. No Ceará, o Podemos é presidido por Bismarck Maia, pai de Eduardo Bismarck, atual secretário de Turismo no governo de Elmano. A aliança local entre Podemos e o PT dificulta qualquer aproximação formal de Ciro com a legenda no estado.
O Globo
